domingo, 2 de junho de 2013

O que realmente importa






O que nos torna realmente importantes como espécie? Realmente sofisticados?Não é o dinheiro, o poder, a política, o comércio ou as finanças. É a criação. A criação de obras como esta. Ainda que a Arte seja sim concebida no contexto mundano e brutal das coisas acima, ela supera tudo e nos faz esquecer a selvageria de onde viemos e na qual ainda vivemos.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Jardim


Agora tudo que resta são memórias de anjos caídos
Tudo que resta são afetos recusados
Você negou-me o desejo
Negou-me o beijo
Negou-me a salvação


Agora tudo que resta é um fantasma assombrado pelo cotidiano
Tudo parece uma imitação pobre daquele sentimento
Mas ainda assim é tudo que sobrou


Agarro-me a dias opressores
Debato-me em noites mal dormidas

Apenas sei que o mundo parece imenso(e pequeno ao mesmo tempo)
Tento plantar estrelas no meu jardim
Mas a terra está árida como eu

terça-feira, 26 de março de 2013

Parabéns Nícia

HOJE É ANIVERSÁRIO DA MINHA AMIGA NÍCIA CRUZ, QUE GENEROSAMENTE FEZ A CAPA DO MEU LIVRO.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Big-bang



Quando o céu estilhaçou-se, eles deram as mãos.



O som do fim do Mundo era ensurdecedor e estranho, como se o tempo cantasse.



Puderam ver, ao longe, quando uma estrela despencou e decapitou uma montanha.



As pessoas à volta deles tinham reações às vezes inesperadas, às vezes óbvias. Choravam, rezavam, se abraçavam, se matavam, ocasionalmente até pediam perdão umas às outras.



Pela janela eles viram as rachaduras no céu e dentro delas, para aqueles que ousavam olhar, o Tudo e o Nada se misturavam numa noite sem luar.



A chuva começou, morna e dourada, como se fosse o sangue das estrelas. Eles abracaram-se com mais força. Lembraram-se do pic-nic ainda naquela manhã, do sorvete que dividiram na noite anterior, do conforto de dormirem abraçados, das longas conversas.



Viram quando um pedaço do firmamento despencou e fincou-se no centro da cidade como um punhal com constelações entalhadas em sua lâmina.



Ela foi forte e não chorou. Ele não foi e chorou quando ela disse-lhe um adeus sem palavras com um beijo.



Foram para a rua.


A realidade evaporava ao redor do casal. Prédios escorriam para as brechas do céu, o oceano partiu em silêncio, pessoas evaporavam em nuvens que lembravam pequenas galáxias.


Então o fim os abraçou. Subitamente todas as coisas pareceram pequenas, todas as lembranças eram imensas. Permaneceram abraçados até eles próprios tornarem-se pequenas nebulosas gêmeas.


O silêncio triunfou.


Choveu. Choveu até a a superfície da realidade tornar-se apenas oceano.


E o espírito de Deus pairava sobre as águas.